Deputado evangélico alagoano é cassado por abuso do poder religioso

16/11/2012 00:18

A Frente Parlamentar Evangélica discute a cassação do deputado JHC de Alagoas. Decisão polêmica do TRE é contestada por vários deputados; caso o TSE mantenha decisão, o 1º suplente Arnon Amélio, cunhado do desembargador Orlando Manso, é quem é quem assumirá o mandato.

 

O deputado estadual de primeiro mandato João Henrique Caldas (PTN), o JHC, teve o mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral de Alagoas por 4 x 3 (votos) essa semana. Pesa contra o parlamentar, que é filho do ex-deputado federal João Caldas, a acusação de abuso de poder religioso, já que JHC realizou eventos ao lado do missionário evangélico R.R. Soares, que comanda a Igreja Internacional da Graça de Deus.Na última terça-feira, 31, João Henrique discursou na sessão da Assembleia Legislativa de Alagoas e desabafou sobre o caso: "Vou exercer o meu mandato dentro de normalidade até que o Tribunal Superior Eleitoral julgue os recursos." O parlamentar ainda disse que "estava confiante na absolvição. Sei que o processo é frágil e sem provas", finalizou. O relator da ação que culminou com a cassação de JHC, foi Antônio Bittencourt que ao lado dos pares: o corregedor eleitoral Ivan Vasconcelos e o desembargador eleitoral Fernando Maciel também votaram pela cassação do deputado.

Votaram pela inocência de Caldas os desembargadores Luciano Guimarães da Mata, José Carlos Malta Marques, além do juiz federal Frederico Dantas, ambos entenderam que não existem provas contundentes da prática do crime eleitoral.Na tarde de segunda-feira, 19, o voto de minerva coube à desembargadora Elisabeth Carvalho. Seguindo o relator do caso, a magistrada votou pela cassação de JHC. Em seu pronunciamento a desembargadora disse que a prestação de contas da Igreja liderada por R.R. Soares é uma grande fraude. A principal causa da cassação do deputado teria sido a promoção pessoal no culto evangélico, com a entrega de santinhos aos participantes do evento e os elogios do líder religioso proferidos ao então candidato. Outros políticos participaram do mesmo evento, cerca de oito cultos, em que JHC esteve presente apenas em duas oportunidades, em 2010.

"Outros candidatos também estavam presentes, mas só eu fui processado. Deputados federais, senadores e prefeitos também estavam presentes no evento e só eu fui processado. Estou com a minha consciência tranquila e vou continuar lutando pelo que defendo e acredito", garantiu João Henrique Caldas. Vale ressaltar que o primeiro suplente da coligação do deputado afastado é Arnon Amélio (PRTB), cunhado do presidente do TRE/AL, o desembargador Orlando Manso e irmão da juíza Ester Manso. O deputado JHC irá recorrer da decisão no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), assim como fez o procurador eleitoral Rodrigo Tenório. Apoio Na mesma sessão parlamentar em que JHC fez seu pronunciamento, o primeiro deputado a fazer o uso da palavra em defesa do acusado de abuso de poder religioso foi Judson Cabral, que também falou em nome do Partido dos Trabalhadores: "foi uma decisão precipitada e injusta." Outro parlamentar que se colocou foi Isnaldo Bulhões Júnior: "A decisão do TRE foi imprudente. O caso deve ser revertido no TSE."O deputado Olavo Calheiros engrossou o coro em favor de João Henrique Caldas e disparou: "Ainda bem que existem outras instâncias.

Os votos do TRE mostram o quanto precisamos evoluir." Deixando de lado um processo movido pelo pai do acusado, João Caldas, contra o deputado Antonio Albuquerque, que estava presidindo a sessão na Casa de Tavares Bastos comentou: "Sou solidário porque a vontade do povo não pode ficar a mercê de um julgamento de uma ou duas pessoas."O deputado Dudu Hollanda, que é primo de JHC, se pronunciou: "Solidarizo-me com o deputado JHC porque nunca ouvi dizer que manifestação religiosa fosse crime político. O parlamento, por exemplo, traz a proporcionalidade que se reflete num vasto poder de representação. Nesta Casa, por exemplo, têm-se representantes de todos os segmentos da sociedade."Dudu ainda comparou que religiosos são políticos e não sofrem com sua atuação: "Temos vários líderes religiosos eleitos deputados e até senadores, a exemplo de Marcelo Crivela, pastor do PRB que assumiu o Ministério da Pesca.

Em Alagoas, cito apenas os exemplos do deputado estadual Jota Cavalcante, que é pastor, e do deputado federal Carimbão, que representa a Igreja Católica."O deputado federal Maurício Quintella deve denunciar o caso arbitrário, como considera, na tribuna da Câmara Federal. O representante de Alagoas em Brasília disse que vai nacionalizar a batalha em defesa do mandato de JHC. "As notícias publicadas diariamente pelos jornais do Estado e do Ministério Público Eleitoral apontam as estranhezas desse julgamento", sentenciou Quintella.

João Mousinho

Fonte: joao_mousinho@hotmail.com

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